terça-feira, junho 08, 2004

Cagar na sanita dos outros!

Em conversa com uma amiga totil virtual e lá para o meio dos nossos devaneios surgiu uma ideia que, quanto a mim, é por assim dizer, a cereja no cimo do bolo da evolução social.
Acompanhem-me nesta jornada utópica...

Quando alguem nos convida para ir a sua casa, por muita vontade que nos dê de ir arrear o calhau, muitos de nós não o fazem, porque "fica mal" se o dono da casa for imediatamente aseguir lá e se deparar com um cheiro potrefacto.
Pois bem... eu e a minha amiga tivemos uma visão... Um mundo no qual possamos cagar nas sanitas dos outros sem k isso faça de nós uns mal educados!
Qunado digo cagar refiro-me a um cagar á bunta! Sem preocupações de qualquer tipo.

O mundo podia ser um local bem bonito se assim acontecesse...

Exames nacionais

Ando a estudar para os exames do 12º ano e ultimamente têm-me assaltado algumas questões, que insistem sempre em roubar-me o precioso tempo que me resta para preparação.

Pois bem uma dessas questões é: "Porque estudar para os exames?"
A resposta surgiu qual aparição em cima de uma azinehira;
Os alunos, ainda de moleirinha entriaberta, estudam para os exames porque ao que parece, os correctores insistem sempre em dar valor á resposta que eles denominam de "correcta".

Aos alunos que estão na mesma condição que eu, deixo-vos embrenhados nos cadernos e livros.

Aos que não estão na mesma situação que eu, devo dizer que vos respeito á mesma

Sem mais;

37 Toques

A moda dos telemóveis veio para ficar... de tal maneira que a criancinha balofa e ainda com ranho a borbulhar pela sardenta fossa nasal também já é dona de um!
Se algo houvesse a fazer seria, sem duvida nenhuma, afogar os pais da criancinha num barril de cerveja a levantar fervura. Mas como não podemos fazer isso porque essas pessoa, ao que parece, também têm "direitos" limitamo-nos apenas a ficar revoltados...
Fossem os problemas que envolvem os telemóveis apenas estes e o mundo era perfeito para mim! Mas não! Telemóvel é aparelho que nos endromina de tal maneira que chegamos a acreditar que aquilo dá mesmo para fazer chamadas.
No outro dia estava em casa de um amigo ver o sexy hot numa televisão, a jogar playstation2 numa outra, a ouvir o relato do salgueiros-guilhadeses e a enfardar uma quantidade bruta de cerveja acompanhada pelo, já tradicional, amendoim. Pelo meio eu ainda tentava amandar umas achegas políticas para o “outro lado”, mas obtinha sempre a mesma resposta: “É por isso que esta merda de pais não vai pá frente!”
- “Mas ó Vidal não achas que esta guerra está a ser ilegal do ponto de vista das nações unidas?”;
- “Ó pá, tu é que ma phodes! Eu tou-me a CAGAR pó ponto de vista do preto que diz que é anão ou a putª que o há-de vir a parir, mais o carªalh0 que o phoda a ele e á ganda vaca da mãe dele!!!”;
- “Mas ó Vidal... repara bem, um gajo também não pode pensar assim, se não isto é que não vai para a frente mesmo!(seja lá o que isso for)”;
- “Chega mais pa mim os tremoços pá!! Que refundido... PHODA-SE!!”;
O vidal com esta ultima tirada tinha-me calado! Realmente eu era um refundido por estar com o pratinho dos tremoços á minha beira. Pronto já para pedir desculpas ao Vidal e aproveitando para cortar com aquele silencio atemorizador, preparo-me para amandar com uma desculpa qualquer, desculpa essa que tinha a certeza que o Vidal ia aceitar visto estarmos rodeados por uma grande intensidade de decibeis provenientes do ultimo sistema de som que o Vidal comprou: “Três mil watts de som pá! Esta merda bufa pa cªrªlho!” como ele se prontificou a apresentar.
Levanto o braço para me dar atenção, ele fica a olhar para mim, na expectativa, mas de imediato tenho de abortar a missão, faço-lhe sinal para baixar o som, desligar a plystation2 por na outra TV a RTP2, desligar o rádio e limpar a mesa bem como os pratinhos, porque eu tinha recebido uma mensagem! Nesse aspecto o Vidal até é um gajo com sensibilidade, apercebendo-se de que eu recebia uma mensagem fez tudo quanto lhe indiquei e depois deixou-me a sós com o MEU telemóvel.
Fico a controlar os passos do Vidal até ele desaparecer na esquina do corredor. Depois, com as mãos trémulas, abro o telemóvel e vou directo para o menu “mensagens”-> “mensagens recebidas”. Já conseguia ver o titulo: “olá est...” carreguei em “ver” e ali estava ela!! A MINHA MENSAGEM!!! Volto a olhar para o corredor e nada de Vidal... “perfeito” penso.
Confesso que neste momento não me importava mesmo nada que o Vidal arrebentasse com a minha privacidade, a mensagem era de uma amiga que me dizia que não tinha mais dinheiro para mandar mensagens... até aqui eu até achei graça em ser o ultimo eleito na escala da destruição de saldo, mas a mensagem continuava e ela aproveitava para perguntar se queria tomar café perto da casa dela. Pois bem a minha amiga mora nas antas e eu estava em gaia. Mas ela tinha pensado nessa solução e como também sabia que tudo o que restava do meu saldo eram uns míseros cêntimos que me permitiam apenas mandar toques. Mesmo assim eu não mando toques a ninguém porque o meu pai sempre me disse para não fazer aos outros aquilo que não gostava que me fizessem. A minha amiga pôs á minha escolha inúmeras hipóteses, entre elas elas lembro-me das seguintes:
- se estás perto de minha casa, manda 1 toque;
- quando chegares ao local combinado manda-me 2 toques;
- se estiveres com a minha prima, diz que eu quero falar com ela, mas manda-me 3 toques a avisar;
- se estás a estudar, manda-me 4 toques;
- ...
- ...
- ...
Fui percorrendo a lista de hipóteses e a MINHA não havia meio de aparecer! Ela tinha de aparecer e sim senhor, apareceu, mas em ULTIMO LUGAR!!! E pelas minhas contas cabia-me 37 toques. Agora tinha duas hipóteses ou mandar a miúda pá ganda putª que a pariu mais estas ideias de merda ou então responder-lhe com os 37 toques.
Recusei a ideia de a mandar para onde quer que fosse num insulto pejado de palavras desagradáveis e optei por começar a minha saga de mandar 37 malditos toques!!
Lá comecei eu, ao fim de 12 o voicemail atendia então aí eu desligava e voltava a ligar, tudo o que esperava é que ela se apercebesse de que tinha que fazer uma evidente operação matemática para obter a CHAVE MÁGICA da minha justificação.
Ao fim de entrar por três vezes no voicemail, já só faltava UM ÚNICO TOQUE!!
Entretanto o Vidal tinha-se atirado de encontra uma grade de cerveja que estava na varanda do vizinho do 9º andar (nós estávamos no 20º).
Marco o numero dela e dou mais um toque, o derradeiro!! Chamo o Vidal para voltar ao nosso estado normal, mas nada de Vidal, depois é que me lembro de que ele se tinha atirado pela varanda... Olho lá para baixo e vejo uma estranha mancha de um liquido vermelho á beira do Vidal no pavimento do pátio e atirando-me gritando: “Ó Vidal não sabia que também havia vinho!!!”.

domingo, junho 06, 2004

Estive a pensar...

No outro dia estava em casa e como sempre em frente ao pc. Parecia que o dia ia oferecer mais um risco a um calendário tamanho XL à camionista que eu tenho pregado na parede. Mas não!
O monitor naquele dia estava diferente e lá estava eu; com os olhos em ebulição fixados nele. Comecei a sentir dores muito fortes nos olhos e só quando já conseguia apenas ver as cores primárias pensei para mim mesmo: "É pá isto assim não vai lá!". O problema é que de nada serviram aquelas minhas tentativas para terminar com o sofrimento.
O monitor tinha tomado conta de mim!
Naquele momento ele já me via como mais um fluxo de electrões rápidos emitidos do seu tubo catódico. Devo confessar que não concordei com o amigo monitor porque tudo o que eu sentia era uma temperatura infernal. De certo modo foi uma experiência engraçada na medida em que nunca tinha vivido este tipo de sensações sem poder ver.
(As pálpebras dos meus olhos incharam tanto que rebentaram, só me apercebi disso quando visualizei, pelos 10% de visão que me restava do olho direito, sangue a escorrer abundantemente pelo meu rosto como se a minha pálpebra rompida se tratasse de um esgoto a céu aberto.).
Com muita dificuldade consegui aconselhar o monitor a conceder-me uma mijadela no “devido local”, “a casa de banho!” - decifrei. O meu pedido foi consentido.
Enquanto ele me punha a par das suas exigências e da minha condição de refém tive tempo bastante para pensar num plano que, quanto a mim, era exacto. Saí do quarto de aspecto pacífico, mas na minha cabeça referviam dezenas de ideias brilhantes de como sair dali. A porta da casa de banho estava a menos de um metro. Com o braço épico agarrei confiante o puxador ferrugento e sem pestanejar entrei e fechei a porta da estranha casa de banho. Aquela não era a Minha casa de banho! Todos os planos que tinha engendrado passavam por saltar da janela que EU tinha na Minha casa de banho! O que havia de fazer? Essa casa de banho tinha paredes sombrias e cobertas de fungos escuros... Parei por instantes para ver se arranjava uma solução que não abrangesse danificar os meus olhos. O monitor chamava por mim, o medo empunha-se ao meu ser... as pernas tremiam...

Nesta circunstancia e para não me magoar mais decidi atar uma toalha á volta da carola, na linha dos olhos, e precipitar-me de cabeça para aquele buraco do qual se consegue sempre ver o olho do cu de quem está a cagar.
Como sabia que depois das sanitas entupirem a água que “estava lá” desaparece porque a força de sucção é em absoluto superior á força que faz com que ela ascenda, agarrei num molho de papel, frascos de shampoo, toalhas de vários tamanhos, um bidé, um microondas, uma televisão, três pinguins e no Bush e descarreguei-os na sanita.
Aperto com muita força a toalha que tinha á volta da cabeça e ponho-me aos pulos encima da bandulho do Bush para aquela “merda” entupir de vez no raio da sanita.
A verdade é que aquilo entupiu e bem! Mas o problema é que agora o monitor chamava cada vez mais alto por mim mesmo assim havia de ir até ao limite de paciência do malvado. Puxei o autoclismo umas 8 vezes, mas de nada serviu, o problema mais se agravava. Até que eu me lembrei de que aquela sanita era uma da “velha guarda” por isso precisava do “estimulo”, tinha a sanita a transbordar com todos os ingredientes que tinha a mão na casa de banho e como me podia ter esquecido da cereja?
“Merda... onde é que vou arranjar merda agora?” – pensei eu.
Confesso que evacuar não era uma das ideias que tinha em mente, mas por muito que me custasse eu tinha que tentar, afinal tinha ido até ali...
Estava eu a preparar-me para largar a minha poia de ateu e o Bush não se calava, vai daí eu cravei-lhe o meu cotovelo no pensamento. Da tola do Bush escorre sangue, pouco, mas escorre algum, este cala-se e eu preparado para descer as calças e iniciar o “processo de descarga forçada” ouço a sanita a compor uma bela melodia, era a sinfonia da liberdade!! Atiro-me para cima da cabeça descomposta do Bush e preparo-me para a “o momento”. Ele chega! E eu sou sugado canalizações abaixo até chegar á cave a qual está alagada de cagalhões e bodeguice. Olho para cima, para o buraco que acabei de criar e o que vejo? ERA O MONITOR EM QUEDA LIVRE!! Vinha mesmo com um dos vértices apontados para baixo, possivelmente para me perfurar a mioleira, eu afasto-me e ele esmiuça lentamente a tola do Bush de encontra o pavimento compacto.
Chega o porteiro e pergunta-me: “Ó migo, então você não sabe usar a chave?”
Eu olho para ele e cagando-me penso como é bom não ter a cabeça esmiuçada de encontra um pavimento compacto.

Esta foi para a Optimus

Saudações agressivas.

No dia 2 do corrente mês (Fevereiro) o meu equipamento de telecomunicações móveis entra numa cruel decadência, passo a explicar; ligar números sozinho, bloquear a tecla 0 de que eu tanto preciso, dizer que não encontra o cartão e exibir uma lista de comportamentos excêntricos levaram-me a telefonar para o centro de apoio cliente afim de acabar com a aflição daquele pobre aparelho.
Efectuei a chamada do telemóvel de um amigo que a única coisa que me disse foi para não lhe “phuder muito dinheiro”. Marquei confiante o numero e depois de ouvir o álbum Classical Spectaculer três vezes seguidas atendeu-me a operadora Carla Coelho que com muita doçura me acordou da hostil hipnose, pedindo desculpa pela espera e detendo-me afim de eu não me atirar da varanda do meu apartamento.
Passo a aclarar a situação para que se coloquem na posição á qual estive amarguradamente submetido; naquele momento arrojar-me de 30 metros de altitude era uma hipótese louvável; “é o mal que tem viver em edifícios altos” pensei eu a tempo de prevenir o meu ser de uma quarta exposição ao álbum acima citado e para evitar atirar-me de 30 metros de altura decido ainda consciente partir ambas as tíbias.
Pode parecer uma loucura desmedida, mas eu reagi desta forma para evitar uma possível morte ou até quem sabe uma fractura na coluna cervical que me deixaria tetraplégicamente num estado vegetativo para o resto da vida, afinal voar 30 metros de altura é capaz de ser bom, mas o problema é que a força da gravidade é tão real como as maciças lajes em cimento armado que pavimentam o agradável pátio do edifício no qual resido.
Lavado em lágrimas e com a varanda toda suja de sangue expliquei o problema do meu telemóvel á menina Carla, que ainda me perguntava se eu estava bem. Afim de a despreocupar disse que as tíbias são duas cartilagens que temos no nariz e que tinham sido apenas dois arranhões superficiais, nem acreditam como me senti mal ao dizer isto á coitada da menina Carla.
Lá me marcou um dia para ir a uma casa P OPTIMUS no freixieiro.
Desliguei-lhe na cara quando, depois de marcar o tal dia me pergunta se eu tenho mais alguma questão optimus. Afinal eu que estava ali na varanda ensanguentada do meu apartamento a sofrer de dores lancinantes e impiedosas ainda tinha UMA QUESTÃO OPTIMUS!!!!!
Já nem queria pensar em mais nada senão em tentar arrastar-me para o telefone que agora parecia tão distante. Ali estava eu, com duas fracturas expostas nas pernas, estendido sobre um pavimento frio e cada vez mais vermelho denso. Olho para o telefone que agora me faz caretas assustadoras, começo a ter alucinações, afinal o meu imaculado cérebro já estava com pouca irrigação sanguínea. Amedrontado com o aspecto do trem de cozinha que os meus pais me ofereceram pelo natal antecipo-me para o peitoril da varanda, qual trincheira em pleno bombardeamento de aparências pavorosas e descarrego a minha insegurança numa viagem asfixiante até ao piso 0. Acreditam que nem gritei durante a queda? Pelo menos é o que deduzo, pois só senti pessoas á minha volta de manhãzinha, ou seja estive durante uma noite inteira a servir de alvo para as mijadelas de cães sarnentos que com uma precisão difícil atingiam-me sempre numa qualquer ferida entreaberta do meu crânio. A única coisa que sentia era as farejadas descontínuas de um animal sobre o meu crânio semiaberto que paravam subitamente para o mesmo erguer a pata e num jacto rápido marcar a minha caveira como SEU TERRITÓRIO.
Ao fim de múltiplos desmaios e reaparições o dia nasce e eu abro os olhos e o que vejo á minha volta? Era a boa populaça a presenciar o meu sofrimento desumano. Fizeram-se logo ali apostas sobre a minha circunstância, uns diziam; “Não se safa...”, “Este já foi...”, “Coitados é dos que lá estão...”, “Já está mais para lá do que para cá...” enquanto que outros; e recordo uma senhora, “Ó AMÉLIA vai-me buscar a máquina fotográfica FILHA, QUE ESTÁ AQUI UM GAJO A BATER A BOTA” e uma outra, “Ó Vizinha tire uma para mim também, é que eu tenho um filho na suíça que gosta de ver animais mortos e coisas assim...”. Naquele momento pedi a Deus para me mandar um raio mesmo para a poça que se tinha formado com o sangue escorrido da minha cabeça, afinal os líquidos são bons condutores de electricidade e com um bocado de pontaria “ficava já ali com os miolinhos queimados que nem torresmos”, a verdade é que Deus não me ouviu, desmaiei e só me lembro de ter acordado numa cama do hospital S. João.
Depois de me examinarem, de me engessarem ambas as pernas, de me porem um cinto cervical e de atacarem em ligaduras a minha incompleta cachimónia aconselharam-me repouso. Como não sou homem para faltar a um encontro decido, logo ali deitado num ninho de hospital, ir á tal casa Optimus para resolver o problema do meu telemóvel.
Depois de adornar uma cadeira de rodas com a minha infeliz aparência meti-me, com a ajudar de uns três brutamontes, no primeiro autocarro para o freixieiro.
A viagem até nem correu mal, o problema foi quando eu constatei, já no freixieiro, que os brutamontes tinham saído numa paragem anterior; ali estava eu preso numa cadeira de rodas do hospital S. João e enfiado num autocarro amontoado de gente com cara de tudo menos de quem me ia ajudar, não me deixo abalar e insisto seguro na direcção da saída, quando me apercebo de que a minha paragem se aproximava berro em voz alta; “SENHOR MOTORISTA EU QUERO IR Á OPTIMUS AQUI NO FREIXIEIRO, MAS DÁ-SE O CASO QUE TIVE UM PROBLEMAZITO NA COLUNA E ESTOU NUMA CADEIRA DE RODAS, POR ISSO NÃO CONSIGO CARREGAR NO BUTÃO PARA FAZER PARAGEM, IMPORTA-SE DE PARAR NA PRÓXIMA?”.
Está claro que a arraia-miúda ficou curiosa na forma como o aleijadinho ia sair do autocarro, eu próprio também não tinha ideia de como me ia safar daquela situação, mas faço cara confiante, destaco que nesta altura já não conseguia sentir os meus glúteos. O autocarro pára e ainda mal as portas se tinham aberto e já estava eu a ganhar velocidade de lançamento numa cadeira de rodas, bato ainda com as pernas na pequena brecha que surgiu, mas logo depois com tanta força as portas são disparadas cada uma para sua direcção, que o problema surge precisamente aqui, quando constato que tudo o que tinha em meu auxilio era um conspurcado passeio, ainda o consegui ver a aproximar-se, mas mal o meu corpo debilitado colide com ele desmaio. Escusado será dizer que fui parar a um outro hospital do Porto. Agora para além de ter de marcar um outro dia para ir á, cada vez mais distante, loja Optimus no freixieiro tinha o meu descomposto corpo agalanado com mais ligaduras. Aqui surgia um novo problema o de eu ter de ligar novamente para o centro de apoio cliente e esperar possivelmente umas valentes musicas até voltar a marcar nova “consulta” para o meu telemóvel, este meu NOVO problema termina ao fim de uma amena conversa com dois enfermeiros que se disponibilizaram de imediato em levar-me até á malfadada loja Optimus. Talvez não estejam a compreender o motivo de precisar de dois enfermeiros para sair á rua, mas aquela queda do autocarro tinha-me provocado uma fractura na anca, que ateava pungentes dores no meu abdómen enquanto eu tentava controlar uma cadeira de rodas.
“Desta vez sou importante” pensei eu quando a ambulância do INEM, na qual me deslocava, parou mesmo em frente á loja Optimus do freixieiro, os enfermeiros apressaram-se em abrir as portas e retirar-me em maca do interior da ambulância, recordo-me ainda de assistir a um ajuntamento de pessoas, possivelmente a perguntarem-se se a optimus também administrava apoio médico, mas apoio médico foi o que eu acabei por precisar segundos após ter pensado nisto, porque as bestas dos enfermeiros tinham-me despejado literalmente dentro das instalações da loja Optimus.
O meu problema com a P Optimus surge precisamente aqui, quando eu acordo do desmaio estimulado pela ultima queda e me descubro no interior de uma loja Optimus
Arrasto-me até ao balcão, afim de resolver o problema do meu telemóvel e; enquanto me impulsiono com os ainda ilesos braços, vou gritando em voz alta: “EU SOU O ULISSES COSTA E QUERO ENTREGAR O MEU TELEMÓVEL PARA REPARAÇÃO PORQUE ATÉ JÁ MARQUEI A ENTREGA COM A MENINA CARLA COELHO DO CENTRO DE APOIO CLIENTE”, este meu esforço de nada serviu porque não obtive nenhuma resposta do “lado de lá”, confesso que já estava assanhado e fosse qual fosse a “cara bonita” que estivesse do “lado de lá” eu ir-me-ia “passar” porque aquele gesto eu não podia desculpar, comecei a imaginar a reprimenda que ia dar á empregada e até já conseguia calcular os seus argumentos.
Depois de conseguir chegar com a mão ao cimo do balcão, qual barco salva-vidas em pleno oceano composto por águas tempestuosas, puxo o meu tronco para o alto, de modo a ficar em cima do gesso que adornava as minhas pernas, começo a desbaratar o ralhete e fico rapidamente assombrado aquando da abertura das inchadas pálpebras que cobrem os meus lindos olhos, afinal o que eu vislumbrava só podia ser imaginável nos meus piores pesadelos, ali estavam eles, um monte de telemóveis dispostos de forma ordeira numa prateleira a olharem para mim. “Tristeza do cara**o” pensei eu quando me apercebi de que a famigerada loja OPTIMUS estava FECHADA e que a única pessoa que estava lá dentro era eu. Tinha que tratar de sair dali o mais rapidamente possível, afinal já era sábado e as lojas optimus não estão abertas ao domingo e além disso o ser humano esta dotado de um estômago e confesso que o meu naquela altura já estava em contracções disformes.
Presumo que saibam que o engraçado numa cadeira de rodas é o facto destas apresentarem rodas traseiras exageradamente grandes que servem para quem está em sentado nelas conseguir locomover-se, ora aí está um pormenor de que uma cama de hospital ainda não está dotada.
Afim de resolver este novo problema dou um impulso á cama de hospital que se encontrava á minha beira na direcção de um vidro de uma montra tamanho XL e ao mesmo tempo, em cima do balcão, atiro-me para a cama que agora já se movia com uma velocidade considerável, abaixo-me qual Indiana Jones no auge da acção e dum segundo para o outro já estou “cá fora”, mas tão rapidamente um estranho barulho de sirene soa “lá dentro” e uma porcaria de um pirilampo pisca “cá fora”, ainda julguei que fosse uma surpresa de um amigo mais excêntrico e já esperava com, ansiedade o momento em que TODOS os meus amigos e conhecidos surgissem detrás de um qualquer carro para me dar um telemóvel “da moda”, mas este meu animo fica apaziguado quando um outro pirilampo surge estranhamente do topo de um carro azul e branco. Por momentos ainda pensei que fosse a festa do pirilampo associada, quem sabe, á festa do FCP.
Mas instantaneamente me apercebi de que era um carro da policia. De lá de dentro saem uns 3 agentes que me espancam brutalmente ali mesmo no meio da rua, ainda recordo o que alguns disseram; “A fazeres-te de aleijadinho não vais lá...”, “coitadinho do aleijadinho...”, “vais ver o que é bom para a tosse...” e eu que tinha tudo menos tosse... mas se não tinha os senhores agentes fizeram-me o favor de me arrombar, com uma forte biqueirada, o lado direito do externo que me provocou um rasgo no pulmão do mesmo lado. Puseram-me dentro do carro de patrulha e lá me levaram para a esquadra.
Ali estava eu a prestar esclarecimentos, sentado numa cadeira e a tossir sangue. Nem falei, com medo de ficar afogado no meu próprio liquido da vida, assim deixava que este saísse e com um bocado de sorte até desmaiava, curiosamente isso foi o que acabou por acontecer.
Ultimamente quando acordo vejo estranhas formas geométricas, eles são quadrados ora rectângulos e tenho sempre um senhor Cabo Verdiano atrás de mim com cara de quem está a imaginar-me em posição de passivo num acto homossexual, eu explico. Fui preso por tentativa de assalto a uma loja de telemóveis e encontro-me a cumprir pena na prisão de Custoias. A primeira coisa que me fizeram mal entrei nas instalações foi
pôr-me uma toalha gigantesca em cima de mim com um estranho buraco que todos os reclusos insistiam em virar para trás é verdade já levei com a “toalha” e também já passei por muitas outras situações que de nada me orgulho.
O que eu queria era que a Optimus me tirasse deste problema, afinal tudo o que eu queria era arranjar o meu telemóvel.

PS: Se me quiserem contactar dentro da prisão, o que eu agradecia, por favor peçam para chamar a Amélia, nome pelo qual sou conhecido aqui dentro.



Aguardo impacientemente reposta.

Saudações Apertadas;


O Marinheiro

Carta que só não enviei á TVI porque ninguem me deu a morada!

Saudações tétricas

Já há muito tempo que ando com pontadas lancinantes na zona do cérebro denominada "córtex frontal". Sou um jovem de 18 anos e creio que isso não é normal acontecer a alguém com a minha idade, por isso decidi fazer um historial do que me poderia ter provocado estas dores infernais. Comecei a pensar em tudo o que tinha comido, mas é o mesmo desde há 18 anos, não podia ser isso, pensei (sempre acompanhado pelas pontadas lancinantes, quais bandarilhas vermelhas vivas em ebulição) em mais algumas possíveis hipóteses, mas nenhuma delas me pareceu ser o MEU problema (que agora, com o calor de Agosto aumenta de dia para dia e até chega ao ponto de me pôr as meninges a latejar).
Quando menos espero, olho para a televisão e o que vejo!? Mesmo á minha frente estava a origem do MEU problema!! Era a TVI no seu auge a transmitir uma tenebrosa festa da pandega e do regabofe, creio que a festejar uma das suas telenovelas sumarentas (a nível de argumento).
Este meu clímax culmina com a entrada em palco de uma dupla simpática de jovens pseudo talentos da "boa" música popular portuguesa, bem apreciada por comunidades, também elas portuguesas, espalhadas por esse mundo fora.
Neste momento dou por mim a espetar objectos contundentes na zona do abdómen, o que me tem causado múltiplas dilacerações no fígado.
Se o problema fosse só este, eu até nem me importava assim tanto, afinal também sou "pecador" e bem preciso duma penitência pesada para me redimir.
Ainda mais se agrava o MEU problema aquando da abertura da boca destes jovens "talentos" seguida pelo emitir de sons que até parecem palavras articuladas de forma coerente, aos quais o publico reage com uma salva de palmas acompanhada também pela emissão de interjeições do tipo: "weeeeeeeee!!!", "uouuuuuuuuu!!", "haaaaaa!!!" e ainda: "Vai Esdrubal, Rudiães está contigo!!", "És o maior, Esdrubal!!".
Neste momento já estou hipnotizado com as cores do palco, deixo de me conseguir controlar e até já nem consigo espetar um garfo nos olhos. Continuo a ver o show e deambulo, triste e sem o saber, pela programação de "qualidade" deste nosso magnifico canal, desta TVI do coração, digo isto porque já tive três ataques do miocárdio por "excesso de consumo de TVI".
Levo, literalmente, com quinze minutos de publicidade aos mais variados produtos, mas a que mais me agrada é a publicidade à própria TVI, então aquando da visualização desta, já quase a acordar do hipnotismo anterior, volto a cair num estado vegetativo, neste momento já não consigo fechar os olhos, o meu corpo ganha um peso adicional, "deve ser da cultura"-Penso.
Arrasto-me pela sala a tentar escapar da Morte mas a TVI ganha ao passar um anuncio a uma das centenas de novelas que dispõe na linha de produção. Começo a ofegar rápida e anormalmente, até chega o ponto de me faltar o ar a tanta oxigenação que o meu cérebro está sujeito, é este preciso momento que gosto menos; porque caio pesada e inconscientemente sobre o soalho duro.
Acordo sempre nas urgências do hospital S. João no Porto, com umas estranhas ligaduras na cabeça e com os pulsos e tornozelos amarrados, à maca, com correntes de aço.
Costumo passar cerca de uns 2 dias em estado de observação, até que os médicos, esses idiotas, se lembram de me mandar para casa, eu peço sempre encarecidamente para que não o façam, mas que podem eles?
Lá vou eu para casa, ainda sem saber o que me provocou aquela estadia no hospital, mas mesmo assim, consciente de que não foi uma coisa boa. Bato a porta de casa (já comigo no interior) e penso: "Tens que começar a ter mais cuidado"; "Agora fica atento!!". Mas de nada me servem estes incentivos.
Volto agora a ligar a malfadada televisão e quem eu vislumbro? Júlio Magalhães, esse monstro da comunicação, digo monstro no sentido literal pois esse senhor é um dos culpados das minhas sucessivas auto imolações parciais. Tudo começa quando presto atenção a uma senhora de 98 anos a responder, emocionada, ao repórter e aproveito para ler o que está a passar em rodapé: "Ela é cega, tem um filho tetraplégico, o marido morreu atropelado por um camião e eles não têm dinheiro para comer...." até aqui, fico em solidariedade para com a família e questiono, arrependido, se isto será sensacionalismo... As minhas previsões mais primárias ganham razão aquando da continuação da leitura da mesma noticia "..... é o caso triste e dramático desta família aqui na TVI". Quer dizer, EU ESTAVA TÃO PERTO DE ACREDITAR NA VOSSA CREDIBILIDADE!!!
O pior de tudo nem é isso, pronto sou mais um a ser enganado e consciente de que o fui, mas o GRANDE problema é que revivo um estado de hipnose, muito parecido com os atrás descritos, só com a única diferença de que agora tento mortificar os meus tímpanos inserindo no orifício auricular um escopro de pedreiro, passo a explicar, é um objecto em aço que é utilizado para partir pedra, geralmente granito, que como presumo que saibam é uma rocha bem dura.
Neste momento a minha vida é isto, do hospital para casa, de casa para o sofá e do chão duro para o hospital.
Quero voltar a ser o que era, quero continuar a respirar o oxigénio de forma serena e inconsciente quero voltar a falar com os meus amigos, quero voltar a conseguir somar números unitários, DEIXEM-ME VIVER!!!! AFINAL EU NÃO FIZ MAL NENHUM Á TVI!!!



Ps.: Não consigo mudar de canal porque o comando partiu-se e a minha televisão tem os botões do "change channel" para dentro, devido a violentos confrontos com o meu crânio.

Ps2.: Eu sei que vocês não têm centenas de telenovelas, mas para mim parecem-me centenas

Ps3: Se me conseguissem arranjar um comando universal para televisões Siemens® eu até nem vos processava.



Aguardo resposta

O Marinheiro